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"Numa espécie de resistência à cegueira que a velocidade do mundo contemporâneo nos impõe, a primeira resposta pode vir pelo desenho, onde Schuster, atento, observa o mundo e o torna mais próximo de si. A insignificância das coisas que habitam os dias quando deslocadas para o fazer artístico, e por suas apresentações, ocupam o lugar dos grandes temas, ao mesmo tempo que questionam os valores que nos movem.
Objetos domésticos quebrados, descarte anunciado. 
O ninho, que serviu de abrigo aos filhotes há algumas estações, agora rola pela rua sob o vento da tempestade. Os galhos da velha árvore do jardim aparecem mais uma vez cobertos por um micro universo de delicadas plantas que se repete a cada nova estação. A borboleta de asas em frangalhos sobre a calçada quente expõe a sua vulnerabilidade.
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"Já por outro lado, a sensibilidade do olhar para além do que nos é dado, do que nos é entregue decodificado, se revela em suas pinturas onde a realidade do mundo contemporâneo surge de maneira sutil, porém dramática, para abordar temas sensíveis como violência, racismo, injustiça social ou sentimentos como a solidão urbana e as relações humanas em tempos voláteis.
Estes fatos cotidianos, imersos na melancolia que povoa a passagem lenta do tempo no espaço doméstico ou no turbilhão de noticias e imagens que nos bombardeiam diariamente, poderiam tornar-se invisíveis. No entanto, numa fração de segundos, a pergunta do artista sobre o sentido desses acontecimentos instaura um modo de (re)significá-los com o fazer artístico que potencializa os modos de ver e pensar sobre isso, de (re)significar o real, através da arte."
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* Textos por Jose Luiz de Pellegrin

Artista Visual e Professor do Curso de Bacharelado em Artes Visuais do CA/UFPel
Integrante do Núcleo de Programação e Curadoria do Museu Leopoldo Gotuzzo/MALG/CA/UFPel
Pesquisador do grupo Semiótica, Design e Arte
Coordenador do Projeto de Extensão Atelier Livre de Práticas Pictóricas.

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